Oi pessoal! Um turbilhão de acontecimentos desde minha última cartinha por aqui. O final de ano não deixa nada impune e nos joga num liqueidificador de sensações e acontecimentos, por mais que a gente queira fugir deles. Eu tinha todo um textinho pensado com links e tudo sobre a 2a parte da minha viagem, contando sobre a Aoir 2024 em Sheffield - e as novidades e coisas legais da pesquisa por lá - e sobre minha ida à Dublin.
Mas, por que a vida não nos dá trégua, repentinamente a Princesa se foi. Ela lutou muito contra a doença - quase 3 meses de tratamento intenso -, mas chegou um momento em que ela ficou tão mal que optamos por dar a ela a dignidade de um fim sem dor. Fizemos tudo que podíamos e ela foi imensamente amada. Espero que lá no céu dos gatinhos, onde ela passa o dia comendo sua ração favorita, faz kkk pros pássaros e conversa muito no banheiro imaginário com a gente, ela saiba que nunca será esquecida e sempre fará parte de nossa família. Espero que ela encontre a Nanã e as duas reclamem das doideiras do TChalla, do mau humor da Ororo, falem do quanto Uhura é uma diva e dêem risada do ovelha branca Zinho.
E foi dessa forma que o luto pela morte da Princesa me pegou, gerando paralisia completa, dias sem conseguir trabalhar em nada, sofrimento, choro, nostalgia, tudo ao mesmo tempo. O esforço em sair da cama e tomar um café foi muito e mesmo assim a vida precisou continuar. E ai decidi fazer uma breve retrospectiva porque essa vida é tão doida.
Tem sido um ano muito bom e muito ruim ao mesmo tempo. É estranho. Num primeiro momento me senti muito fracassada, senti que não havia conseguido vencer as demandas da vida e do trabalho, que desapontei meus parceiros de pesquisa - pedi adiamento de tantos prazos e cancelei coisas por não dar conta - e sobretudo foi muito difícil manter o laboratório de pesquisa coeso e trabalhando. Mas ai me dei conta que eu estava me fazendo exigências demais em um ano em que quase perdi meu marido e minha gata mais nova faleceu.
Tive uma grande vitória no campo profissional. Entrarei pro time do magistério público federal em breve. Nunca foi meu objetivo de vida. Tenho orgulho enorme de ter conseguido construir uma carreira com os temas que eu trabalho em lugares tão complexos como as universidades particulares. Mas é legal porque nunca foi algo que eu realmente desejei tipo sonho dourado - tipo as pessoas obcecadas que comentei certa feita por aqui - , foi algo que aconteceu e me trouxe um alívio muito grande dado a situação dos PPGs no país.
Também consegui algo muito importante pra área que foi trazer a conferência da Aoir 2025 para o Brasil. Devido a essa mudança de percurso que tem a ver com uma série de fatores, o evento vai rolar de 15 a 18 de Outubro na Universidade Federal Fluminense em Niterói, Rio de Janeiro. Sim, uma grande mudança, mas com certeza para melhor. Fiquem ligados que assim que o recesso passar abriremos o sistema de submissões. Além da paisagem, do imaginário etc, agora eu tenho um time/ um comitê que pega junto de verdade.
Aliás, esse foi um dos anos em que mais me decepcionei com colegas da Academia, algo pelo qual eu tinha passado pontualmente, mas aqui na megalópole sede farialimer foi brutal. Tenho uma série de hipóteses sobre isso - restritas e específicas a minha área e subárea -, mas não vou falar (meu jurídico não permitiria), talvez escreva um livro sobre isso quando me aposentar ou não, quem sabe? Ou talvez seja só o meu momento de vida e o fato de que sempre fui muito privilegiada por trabalhar longos anos com pessoas que pensavam grande e pelo coletivo - mesmo que nichado.
Mas o que importa é que apesar de decepções profundas, também tive algumas surpresas e um apoio incondicional de algumas pessoas, queria nomear duas: Simone Luci e Clarice Greco, vocês me estenderam a mão e me puxaram das profundezas, muito obrigada. Vocês são demais! Existe muito amor e amizade na Academia sim!
E, claro, meu laboratório de pesquisa e meus orientandes, apoio incrível e absurdo que suportaram meus deslizes, esquecimentos e seguraram na unha produções e muito trabalho coletivo. A vocês todo meu agradecimento e carinho.
E assim como Halberstam em “A arte queer do fracasso”, também ressignifico o fracasso e com um pouco de carinho percebo que foi um baita ano e que essas rotas de desvio e deriva, como nos falavam os situacionistas são parte desse trajeto e nos dão histórias pra contar.
Não vim até aqui pra desistir agora
Entendo você se você quiser ir embora
Não vai ser a primeira vez nas últimas 24 horas
Mas eu não vim até aqui pra desistir agora
Minhas raízes estão no ar
Minha casa é qualquer lugar
Se depender de mim, eu vou até o fim
Voando sem instrumentos
Ao sabor do vento
Se depender de mim, eu vou até o fim
Além disso, o meme como ser triste após ter feito tours de palestras pela Zooropa nos eventos mais cool da pesquisa científica (Berlin, Manchester, Sheffield, Dublin) e de ter fechado o ano no palco do Unlocked da CCXP 2024, o maior festival de cultura pop do planeta falando no mesmo painel que a ex BBB Juliette? Meu momento Ronaldinho Gaúcho de rolês aleatórios.
Dito isso, deixo aqui alguns links de coisas legais e bacanas que participamos nos últimos dias de dezembro naquela curadoria de links.
Tendências do gótico contemporâneo - Debate que rolou no último sábado, dia 12/12 no Sebo Clepsidra em SP com as colegas Laura Canepa, Stella Mendonça e Talita Rauber. Fiz a mediação e tá tudo aqui no youtube.
Revista Audiolab do Jornalismo da UERJ. Thiago Costa, Beatriz Blanco e Giovana Carlos, parceiros de pesquisa no CULTPOP, brilhando nesse episódio do podcast falando sobre cultura pop asiática e analisando o fenômeno BabyMetal.
Por falar em podcast, meus amigos Tatiana Vargas e Fabricio Pontin arrasando no episódio sobre “Malditos Identitários” do Viracasacas dão uma aula sobre a centralidade da noção de identidade na política. Spoiler: O tiozão do churrasco é identitário sim! O FariaLimer, o gamer e por ai vai.
Tá online a parte 2 do dossiê Cultura Pop, Estudos de Fãs e Indústrias Criativas que editei conjuntamente com a querida colega Simone Driessen - aliás uma das pessoas com quem mais amei trabalhar nesse ano de 2024. Tem IA e K-Pop, escuta de albuns da Taylor Swift, papel dos booktokers e muito mais. Obrigada também à Vanessa Valiatti, editora da revista e que desenrolou todas as burocracias.
Relatorio do DeepLab coordenado pela estupenda Rosana Pinheiro-Machado sobre Mídias Sociais como plataforma de trabalho digital tá imperdível. Material vasto e profundo sobre a situação. Obrigada a Rô pela acolhida e convite pra falar em Dublin na UCD. Tu é foda!
Desejo a todo mundo um ótimo 2025 cheio de artigos aceitos, congressos bacanas e diversão! Ano que vem retorno às postagens com dicas e tem muito vem ai, inclusive novo livro. Obrigada por me acompanharem ;)
Sinto muito pela partida da Princesa! Tenho três gatinhos, dois frajolas e um pretinho. Sei como eles significam tudo na nossa vida.
Quanto ao recap do ano. O que dizer? você é fera demais. Olha a quantidade de coisas incríveis. Inspiração máxima!!! Meu sonho é um dia ser fazer parte do seu lab de pesquisa :')
Sinto muito pela Princesa, Adri!