Tentando voltar ao mundo das newsletters aos poucos, ainda decidindo nome, banner, layout etc. Basicamente vou falar desse multiverso doido que é viver no mundo acadêmico, uma espécie de sitcom da vida na área das humanidades - com um quê de The Chair [já viram essa série na Netflix?] só que mais tropical e ainda mais divertida. Mas também vou contar um pouco de tudo historinhas pessoais que se conectam com algum tema do dia, cotidiano, aventuras de uma porto-alegrense em SP e no mundo, dicas culturais variadas e claro, vida & pesquisa porque eu não consigo separar as instâncias.
Minha newsletter anterior “Everything is black” morreu soterrada em meio às tarefas infinitas de gerenciamento de projetos de pesquisa, aulas, orientações, viagens, vida pessoal, e também ao cansaço que o mailchimp me causava. Voltarei a esse tópico. Dessa vez prometo uma periodicidade quinzenal - sempre nas quintas a noite - , que é o que eu consigo. Então pega um cházinho ou um whiskão que lá vem história.
Corta pro Flashback
Em maio de 2022, há praticamente um ano saí em missão de pesquisa pra passar alguns dias na Alemanha e na França por conta de um projeto em parceria. No meio da viagem senti uma dor de garganta e um pouquinho de febre. O teste de farmácia foi certeiro: Covid-19 e eu que havia me escapado dessa doença por 2 anos positivei. Foram 3 dias de uma gripezinha chata, cuidando ainda mais a questão da máscara e até ai achei que seria só isso. Passados 5 dias eu estava livre da doença, assim achava. Mas minha voz continuava rouca.
Chegando em Porto Alegre fui na otorrino e no pneumologista, fiz tratamentos, tomei remédios, nada fazia a voz retornar. Fui pra fonoaudióloga, deu uma melhorada mas não era o suficiente pra não perder o ar e manter a fala rápida que sempre tive. Nesse meio tempo chegamos na metade de Julho de 2022 e recebi uma das piores notícias que eu já recebi na vida: o Programa de Pós-Graduação onde eu trabalhava há 12 anos e no qual investi muito da minha carreira simplesmente foi “descontinuado” - um eufemismo bem marketeiro para exterminado/encerrado - , conjuntamente com outros 12 de diferentes áreas.
De repente, a pesquisa não importava mais para a universidade, e as palavras-chaves se converteram nas hashtags do capitalismo: empreendedorismo, inovação e muito bla bla bla thinking. Talvez mais adiante eu fale mais sobre isso, mas ainda há coisas a processar então por hora, essa informação é suficiente para que se saiba que nesse momento minha voz regrediu completamente e eu fiquei novamente muda por uns dias. Sintomático. Retornei aos exames e até uma biópsia foi feita. Nenhum problema físico encontrado e a voz seguia oscilante.
Em setembro de 2022, dois meses após isso tudo, mudei de mala e cuia do Grêmio, de estado, cidade e instituição de ensino e ainda sigo tentando reconstruir uma série de coisas e me adaptar ao modus operandi de tudo. Não é a primeira vez que isso acontece, pois passei 5 anos em Curitiba antes de retornar a Porto Alegre, no entanto dessa vez tudo foi diferente. E novamente minha voz ia e voltava. Levei isso pra terapia, o que acabou rendendo muitas sessões como se pode imaginar. Chegou um momento em que eu simplesmente desisti e fui convivendo com essa espécie de falta e passei a pensar que a voz que eu tinha antes talvez não mais voltasse, e em tudo que isso poderia significar.
Em março de 2023 retornei a um pneumologista do meu novo plano e finalmente ouvi algum diagnóstico interessante após a anamnese: a Covid “tirou a minha asma do armário” e a questão da voz está ligada aos efeitos da chamada covid longa. Assim como a Hélene de Thoury - artista e produtora francesa de música eletrônica cujos projetos Hanté e Minut Machine eu gostava bastante - perdeu a audição de um ouvido e em decorrência resolveu desistir da música os reflexos da doença em mim afetaram algo que eu sequer imaginaria. Minha voz ficou mais rouca. Ainda estou em tratamento para amenizar tudo isso. E por uma dessas coincidências, a Hanté e o Minute Machine foram os últimos shows que assisti em Fevereiro de 2020 aqui em SP antes da pandemia.
Sigo acreditando na ciência e que vou recuperá-la 100% apesar das dificuldades, trocas de medicamentos e tudo mais.
E agora?
E o que tudo isso tem a ver com o retorno da newsletter? Tudo, afinal a partir da análise fui revendo o que eu queria e o que eu não queria na minha vida após toda essa reviravolta - e um quase burnout - e cheguei à conclusão que eu precisava voltar a escrever de uma forma mais livre. Aqui consigo modular e equalizar a minha “voz”. A escrita sempre me trouxe uma espécie de lugar de pertencimento. Talvez esse seja um caminho. Não sei. Mas vou seguir compartilhando algumas historinhas e otras cositas mas aqui por esse espaço.
Em breve tambem novidades sobre:
Projeto de Cartografias das cidades musicais do Edital Humanidades do CNPq- estou na equipe que está mapeando São Paulo, mas falo mais disso num próximo post;
Estou participando do Comitê de Organização da Fan Studies Network North America - a chamada de trabalhos vai sair logo. Se quiserem ficar atualizados, basta assinar a mailing list do evento.
Era isso, vou organizando a casinha e achando meu tom por aqui. Até a próxima.